Em 2006, uma nuvem tóxica oriunda da pulverização aérea em
plantações de soja chegou à área urbana e provocou intoxicação aguda em
crianças e idosos de Lucas do Rio Verde (MT). Já em 2013, quase 100
pessoas, entre professores e alunos, tiveram intoxicação depois que um
avião jogou defensivos agrícolas sobre uma escola de Rio Verde (GO).
O
professor do Núcleo de Estudos Ambientais e Saúde do Trabalhador da
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Wanderley Pignati, que
participou da perícia dos dois casos, acredita que a poluição causada
por agrotóxicos pode ser considerada intencional, uma vez que, para
atingir o alvo, afeta também o solo e a água.
“Não é acidente. O avião passa ao lado e, de qualquer jeito, o vento
vai levar para um lado ou para outro. Essa história de que o vento não
leva o veneno para outro lugar fere os princípios da aviação, inclusive,
pois se o vento estiver parado, o avião nem levanta voo”, disse o
especialista durante uma palestra na Assembleia Legislativa do Ceará, em
Fortaleza, em maio deste ano.
Um
dos principais argumentos contra a pulverização aérea é a chamada
deriva, quando a aplicação de defensivo agrícola não atinge o local
desejado e se espalha para outras áreas. O pesquisador da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Aldemir Chaim, no artigo
Tecnologia de aplicação de agrotóxicos, de 2004, declara que a aplicação
de agrotóxicos no século atual não é muito diferente da forma como era
praticada no século passado. A principal característica dessa aplicação é
o desperdício de produto químico.
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